A ciência por detrás da normalização na sala de aula
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Professores famosos como Jamil Odom, Ron Clark e Rebecca Mieliwocki criam culturas de sala de aula transcendentes ano após ano. Não é magia, é ciência.
A nossa compreensão moderna da norma social ocorreu em 1936, quando Muzafer Sherif estudou o efeito autocinético, um fenómeno que ocorre quando as pessoas observam uma luz estável dentro de um espaço escuro. Depois de algum tempo, todos "vêem" a luz a mover-se. Sherif, com base num palpite, pediu a colegas que entrassem na sala e oferecessem uma percepção contraditória. Os participantes, sem se aperceberem de que tinham sido enganados,Mais tarde, mesmo quando os participantes voltaram a entrar na sala sozinhos, continuaram a acreditar que as percepções dos confederados estavam correctas.
O mecanismo de normalização é a conversa em grupo. O resultado é a conformidade... ou a versão boa, em que os hippies se juntam sob o comando de Steve Jobs e inventam um computador Macintosh, ou a versão que começa com passos de ganso e acaba em campos de extermínio. Esta potência, afirmam os investigadores Patricia e Richard Schmuck, faz da normalização uma das mais importantes influências no desempenho académico.
O que são as normas da sala de aula?
Ao contrário das regras, que são (normalmente) criadas pelos professores e funcionam melhor quando introduzidas no primeiro dia, as normas são "um acordo entre os membros de uma sala de aula ou escola sobre a forma como se vão tratar uns aos outros", de acordo com Gary Borich, Professor de Psicologia Educacional na Universidade do Texas em Austin. Existem três tipos de normas: as que dizem respeito à segurança e à saúde (não empurrar),normas morais (ajudar os colegas) e normas discricionárias (limpar a secretária antes de sair para o trabalho).
Normalização e fases de desenvolvimento do grupo
A investigação de Bruce Tuckman sobre equipas revelou que o desenvolvimento do grupo se processa em cinco fases, independentemente da cultura, língua ou objectivo do grupo: formação, tempestade, normalização, desempenho e encerramento. Os professores precisam de permitir que as duas primeiras fases ocorram (2-3 semanas) antes de facilitarem o processo de normalização na sala de aula. Eis uma breve descrição dessas fases:
- Formação - Os membros estão ansiosos por serem aceites, pelo que se comportam de forma cautelosa.
- Tempestade - Os membros dominantes emergem no meio de alguns confrontos. Procura-se clarificar os papéis e o objectivo do grupo.
- Normalização - Os membros tornam-se mais coesos e interdependentes; a comunicação, a confiança e o espírito de grupo melhoram.
- Desempenho - A produtividade e a autonomia são fortes, uma vez que os membros resolvem problemas para atingir os objectivos do grupo.
- Adjourning - A equipa dissolve-se e, por vezes, ocorre o luto.
Para ajudar os alunos a passar com sucesso a primeira fase, estabeleça objectivos claros. Durante a tempestade, mantenha-se positivo durante os momentos de tensão e esteja preparado para resolver prontamente os conflitos. Descreva o processo de desenvolvimento da equipa e assegure aos alunos que as coisas se tornarão mais fáceis quando chegarem às fases posteriores. Ensaie também as rotinas até se tornarem automáticas.
Como facilitar a normalização na sala de aula
Ao apresentar o processo de normalização a uma turma, afirmo que o objectivo é desenvolver uma cultura de turma que promova o sucesso académico. Para lidar com a potencial impaciência, explico que a nossa turma é como um superpetroleiro. "Não vai virar rapidamente com base nas necessidades de uma pessoa, mas vamos chegar ao destino académico pretendido." Além disso, menciono que a turma irá rever as normas mais tarde nosemestre e fazer correcções de curso.
Em seguida, peça aos alunos para completarem um gráfico T de problemas/normas em pequenos grupos. Antes de os alunos começarem esta tarefa, fale-lhes sobre a primeira entrada (ver itálico, abaixo) para modelar o processo.
fechar modalApós 10-15 minutos, divulgue uma lista de potenciais áreas problemáticas e pergunte se já foram abordadas no gráfico em T de cada grupo. Caso contrário, oriente os alunos para continuarem a desenvolver mais normas que tratem destas questões.
Áreas potencialmente problemáticas
Que normas são necessárias (se é que existem) para abordar estes domínios?
- Interacções entre alunos
- O espaço físico e/ou os bens pessoais
- Temas sensíveis
- Transições
- Quando o professor sai/está ausente da sala
- Comunicação
- Utilizar o apara-lápis, o bebedouro e/ou a casa de banho
- Quando as tarefas são terminadas mais cedo
- Telemóveis inteligentes
- Confusão ou frustração
- Intolerância
- Quando faltam materiais necessários
Depois de os alunos terminarem de desenvolver as normas em equipas, escreva os contributos de todos no quadro. Eu acrescento sempre a minha norma favorita à lista: entrar na aula com a arrogância académica de Matthew McConaughey, pronto para tratar dos assuntos. Se houver desacordos, pergunte: "A norma promove o sucesso académico?" Por fim, peça aos alunos que votem nas normas a adoptar e afixe as normas acordadas noa sala de aula.
Dois exercícios que apoiam o processo de normalização
Exercício #1: O que deve saber sobre nós?
Objectivo: Ajudar os alunos a adaptarem-se às necessidades dos colegas.
Antes do dia da avaliação, peça aos alunos que façam o teste de personalidade Kiersey Temperment Sorter e que formem grupos com colegas que tenham pontuações semelhantes. Peça aos grupos que a) identifiquem o que os seus colegas de equipa têm em comum e b) decidam o que os grupos exteriores devem saber sobre eles. Terá de pedir aos extrovertidos que falem em voz baixa e aos introvertidos que falem simplesmente. Em seguida, peça aos grupos que comuniquemsobre os seus debates.
Veja também: Inspirar a escrita criativa e reflectida através da arteExercício #2: O que ouviste?
Objectivo: controlar a difusão aleatória de percepções e cristalizar normas mais produtivas.
Durante a primeira aula, peça aos alunos que façam uma lista do que os outros disseram sobre o seu ensino ou a sua aula. Recolha e organize os comentários em categorias. Em seguida, aborde as percepções mais comuns. Quais são as correctas? Que crenças devem ser dissipadas?
Veja também: Criando impulso com alunos de inglês de longo prazoO processo de normalização leva tempo? Sim, mas quando os alunos partilham valores, crenças e objectivos importantes, conseguem mais. Não confie em mim, confie na ciência.
Quais são as suas normas ou protocolos de normalização preferidos na sala de aula?